Há famílias com expressivo número de advogados na sua história como a notável Família Jobim em Santa Maria. Não foi o meu caso! Não contava, à época da escolha da profissão, com nenhum familiar para me incentivar na busca da carreira jurídica. Havia empresários, religiosos, comerciários, professores, mas advogados, não. Corria o ano de 1959.
Jovem seminarista palotino, em Polêsine, na Quarta Colônia, ao término do curso Clássico, decidi pela Faculdade de Direito em Santa Maria. Pretendia ser juiz. A vida me surpreendeu: tornei-me advogado, enquanto o filho Rafael, que desejava ser advogado, tornou-se juiz. Confesso que, então, pensei muito antes de tomar a decisão final. Ela poderia levar-me à felicidade ou à infelicidade, ao sucesso ou ao fracasso, a viver uma vida com muitas realizações ou amargos reveses. Lembro a figura inesquecível de um sábio sacerdote, o padre Dorvalino Rubin, que, naquela travessia, muito me ajudou a decidir, com lucidez e sensibilidade, sobre o novo caminho.
Lino Dalmolin morava em Polêsine e se preparava para fazer vestibular para a Faculdade de Direito, em Santa Maria. Através dele, obtive as primeiras informações. Assim, nos tornamos colegas e amigos. Não lembro se existia cursinho pré-vestibular. Recordo que o vestibular exigia muito dos candidatos, como prova oral e prova escrita, com exigência de nota mínima.
O curso de Direito era mantido pelos Irmãos Maristas, tendo como diretor, o Irmão Gelásio, que fez história na educação em Santa Maria. Recordo alguns colegas com quem convivi e de quem muito recebi, em lições e amizade: Waldemar Kümmel, Amaury Baldissera, Carlos Renan Kurtz, Lino Dalmolin, Cláudio Segala, Darcy Sary, Darven Doeler, Dion Lobo, José Maria Simões, Mauro Menezes, Moisés Velasques, Nires Maciel de Oliveira, Saul Fagundes de Mesquita, Vinícius Pitágoras Gomes.
No dia 14 de dezembro de 2021, comemoraremos 56 anos de formatura. A vida na faculdade nos fez próximos. A morte de muitos, anos depois, nos deixou distantes, com apenas lembranças. Tive o privilégio de fazer o juramento na colação de grau. O conteúdo e o significado desse ato foram parte essencial no meu norte, no caminho, no compromisso que assumi como profissional.
Há mais de cinco décadas, sou advogado, profissão que ainda me seduz. Às vezes, simples, em outras, complexa, sempre exigente na cobrança de respostas e soluções aos problemas humanos. A advocacia tem a ética, a dedicação e a competência como palavras-chave e indispensáveis no exercício. Devo à OAB-SM, à OAB-RS e à convivência com colegas e clientes, a necessária aprendizagem e prática dos deveres de advogado e cidadão. Neste 11 de agosto, Dia do Advogado, cumprimento os colegas, agradecido à vida e a todos que me ajudaram a construir uma profissão, na qual investi o que tive de melhor, como pessoa, cidadão e homem do meu tempo.
Texto: Máximo Trevisan
Advogada e escritor